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sexta-feira, 25 de março de 2011

Xenodon merremii



Algumas espécies do gênero Xenodon. A) Xenodon meremii. B) Xenodon neuwiedii. C) Xenodon pulcher



Foto: Ivan Sazima



Doze espécies de serpentes são atualmente agrupadas pelos cientistas no gênero Xenodon, que se distribui do México ao longo das Américas Central e do Sul, a leste dos Andes. No Brasil, nove espécies são registradas, e a boipeva-de-Merrem, Xenodon merremii, é uma delas. Esta serpente ocorre das Guianas à Argentina, em ambientes abertos, tanto naturais quanto alterados pela ação humana, estando presente em boa parte do território brasileiro.

A boipeva-de-Merrem é uma espécie não-peçonhenta (assim como a maioria das serpentes de nosso país), que atinge cerca de um metro de comprimento. Sua coloração geralmente apresenta tons amarelados, mas há grande variação (polimorfismo) ao longo de toda a área de ocorrência da espécie. Um detalhe importante é que os desenhos de suas escamas muitas vezes lembram os de serpentes peçonhentas como as jararacas e a cascavel, o que confunde o predador. A esta característica damos o nome de mimetismo.

Hábitos e alimentação

A boipeva-de-Merrem é uma espécie terrícola e de atividade diurna. Alimenta-se basicamente de anfíbios anuros, especialmente sapos (gênero Rhinella), sendo imune ao veneno produzido por eles. Como não possui peçonha nem realiza constrição (ato de se enrodilhar em torno da presa, matando-a por asfixia), a boipeva-de-Merrem simplesmente devora seu alimento vivo!

O nome Xenodon significa em grego “dentes estranhos”, provavelmente uma referência aos dentes alongados que essas serpentes possuem no fundo da boca. Como as espécies de Xenodon não são peçonhentas, esses dentes grandes não são usados para inocular veneno, mas acredita-se que tenham outra importante função: perfurar pulmões! Quando estão ameaçados, os sapos inflam seus pulmões com ar, parecendo maiores do que realmente são e ficando mais difíceis de serem engolidos. Os longos dentes posteriores das Xenodon parecem então ser usados para perfurar os pulmões dos anfíbios.

A boipeva-de-Merrem e as demais Xenodon possuem um comportamento defensivo em comum, também presente em alguns outros grupos de serpentes: quando ameaçadas, achatam o corpo contra o solo, o que as faz parecer maior do que realmente são, intimidando possíveis predadores. É esta a origem do nome “boipeva”, que na língua tupi significa “cobra-chata”. É por isto também que em alguns locais, Xenodon merremii é conhecida por nomes como “cobra-achatadeira”, “cobra-correia” e “cobra-tapete”.

Apesar de não ser peçonhenta, Xenodon merremii é uma serpente relativamente agressiva, que pode desferir botes e morder, o que assusta as pessoas. Esta espécie também costuma escancarar a boca quando se sente ameaçada, intimidando seus agressores. Este comportamento a leva a ser temida por muitas pessoas, que creem (erroneamente) se tratar de uma serpente perigosa, dando-lhe nomes como “capitão-do-campo” e “capitão-do-mato”.

Reprodução

Estudos conduzidos com populações do nordeste, sudeste e sul do Brasil indicam que a reprodução de Xenodon merremii aparentemente varia ao longo de sua ampla distribuição. No nordeste e sudeste, o ciclo reprodutivo se estende do outono à primavera, enquanto que no sul, vai do fim do inverno ao fim da primavera ou início do verão. As fêmeas podem colocar de 4 a 44 ovos.


Henrique Caldeira Costa
Biólogo (CRBio 57322/04-D) e Mestrando em Biologia Animal
Museu de Zoologia João Moojen




Fonte: Museu de Zoologia João Moojen

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